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Eleições: O que diz a imprensa internacional? - Eleições mais renhidas de sempre, o "regresso de JES e as suspeitas de "irregularidades" no processo são os temas dominantes

As eleições gerais da próxima quarta-feira, as 5ªs que se realizam em Angola desde 1992, como era de esperar, estão a ter uma extensa cobertura mediática internacional, sendo algumas abordagens comuns a grande parte dos media que dedicam espaço ao tema, como a ideia de esta ser a mais renhida disputa eleitoral de sempre no País e como pode mexer com a votação a chegada a Luanda dos restos mortais de José Eduardo dos Santos. O Novo Jornal foi ver 



.. como é recorrente, é a imprensa portuguesa, dos jornais às televisões, a que mais espaço dedica à escolha dos angolanos da próxima quarta-feira, mas, com a mais espessa abordagem ao significado destas eleições, aparece o The Guardian, numa peça assinada pelo seu correspondente para o continente africano, Jason Burke, que destaca a importância da decisão dos eleitores mais novos que vão às urnas sem o peso da memória da guerra e com a possibilidade de acabar com décadas de governação do MPLA impulsionados por uma vontade de mudança.

O britânico The Guardian coloca estas eleições na condição de "momento existencial" que pode ficar marcado pelo que for a decisão dos jovens eleitores, mas Jason Burke coloca ainda um denso ênfase na ideia de que as 5ªs eleições em Angola são "um teste à democracia" não só no país mas em todo o continente.

Menos "existencial", a televisão do Qatar, Al jazeera, aposta na sua última abordagem às eleições em Angola, que, como, de resto, a generalidade dos media internacionais de grande circulação, tem vindo a produzir vasto noticiário sobre o tema, na chegada a Luanda dos restos mortais de José Eduardo dos Santos a escassos quatro dias incompletos das "tensas eleições" sublinhando que, no arranque da campanha, João Lourenço, que o substituiu em 2017, apelou ao voto no seu partido como forma de honrar a memória e o legado do homem que governou Angola por 38 longos anos.

O canal do Qatar aproveita para lembrar que o MPLA está a usar o "regresso" de José Eduardo dos Santos a Angola como uma "manobra de aproveitamento político" neste disputado processo eleitoral e para sair por cima da disputa sobre o destino a dar aos restos mortais do antigo Chefe de Estado tendo como pano de fundo a disputa entre o Estado e os seus filhos mais velhos.

Deutsche Welle, emissora alemã apontada ao mundo, escolhe também o "regresso" a Luanda de José Eduardo dos Santos no Sábado, e a possibilidade de este facto poder ser aproveitado pelo partido no poder e na disputada eleitoral renhida com a UNITA de Adalberto Costa Júnior.

Apelidando esta como uma "campanha tensa", a Deutsche Welle aponta para a possibilidade de este momento ser aproveitado pelo MPLA para distrair a atenção dos eleitores do combate político em curso entre o MPLA e a UNITA, face a uma disputa voto a voto para ver quem vai governar Angola nos próximos anos e ainda das suspeitas que existem sobre alegada preparação de manipulação dos resultados.

A DW, como a esmagadora maioria dos media, estima que o funeral de JES possa ter lugar a 28 de Agosto, o dia em que o antigo Chefe de Estado faria 80 anos.

Reuters não faz diferente quanto à constatação de que se trata das mais disputadas eleições alguma vez realizadas em Angola, com o partido que governa o país há quase cinco décadas, o MPLA, e o maior partido da oposição, a UNITA, que parece estar a ganhar um impulso visível na mola da juventude, insatisfeita e empobrecida, e, de longe, a maioria dos 14 milhões de eleitores inscritos para as 5ªs eleições gerais angolanas.

agência de notícias britânica, com sede em Londres, uma das maiores distribuidoras de notícias do mundo, destaca que o país que se aproxima das disputadas eleições é um dos "mais desiguais do mundo" e com metade da sua população a viver na pobreza, deixando ainda por entre as suas linhas a ideia de que é uma população maioritariamente com menos de 35 anos, fortemente insatisfeita, que vai às urnas na quarta-feira.

The New York Times também não deixa de dar atenção ao tema que mais chamou a atenção dos media internacionais para Angola nesta semana, que é o regresso de JES a Luanda.

O jornal norte-americano lembra a decisão da justiça espanhola sobre o cadáver daquele que foi o detentor do poder em Angola por quase quatro décadas e a polémica que envolve este seu "regresso" ao seu país.

E o destaque vai, não para a questão do impacto deste mediático regresso mas sim da acusação de homicídio feita em Espanha por Tchizé dos Santos contra Ana Pala dos Santos e o médico pessoal de José Eduardo dos Santos.

O site da Africanews nota que se trata de um momento histórico emoldurado pelas 5ªas eleições, apostando, todavia, na auscultação de juristas sobre o que pode estar em jogo, explicando o modelo eleitoral angolano, o regime político e a novidade que decorre destas eleições: a votação, pela primeira vez, da diáspora angolana.

Mas o Africanews também não escapa à chegada do corpo de JES a Luanda, destacando que foram muitos os que estiveram a observar o cortejo que conduziu a urna, depois de o avião aterrar em Luanda oriundo de Espanha, onde faleceu a 08 de Julho, até à sua antiga residência, no Miramar.

Destaca ainda o passado de JES e o seu papel fundamental na transição entre a guerra e a paz.

Também o The Namibian, com sede em Windhoek, realça o repatriamento dos restos mortais de JES escassos dias antes da ida às urnas para a escolha do Presidente da República e dos 220 deputados na Assembleia Nacional, sem esquecer que se trata de uma eleições "tensas ciomo nunca e disputadas como poucas".

jornal namibiano, sempre com um particular olhar sobre a vizinha Angola, avança com o cortejo fúnebre de JES entre o aeroporto e a sua casa no Miramar, com centenas a dar as boas-vindas ao antigo Chefe de Estado, deixando em forma de sublinhado o período de dúvida, longo, que antecedeu esta chegada.

O jornal não deixa, no entanto, de fazer um balanço destes anos de governação, e, além de apontar para o carácter histórico desta ida às urnas, lembra o empenho de João Lourenço no combate à corrupção e a forma como procurou desvitalizar qualquer tipo de "nostalgia" entre a população angolana pelo antigo líder que agora regressa ao país numa urna.

Para a Bloomberg, a maior agência de pendor económico do mundo, o país que vai a eleições a 24 deste mês, é, apesar da sua riqueza em petróleo, uma "sítio miserável para viver" com metade da população de 33 milhões de habitantes a viver na miséria, com menos de 2 USD por dia, apesar de vender mais de 1,2 milhões de barris de petróleo todos os dias.

agência destaca a pobre estrutura pública de serviços públicos, apontando que a Angola que vai a votos é produto da governação do MPLA em 47 anos e que, nesse tempo, as riquezas do país transitaram do Estado para as mãos de uma elite politicamente conectada, o que está a permitir à oposição capitalizar o forte descontentamento popular.

E é esse descontentamento popular que, segundo a Bloomberg, está a fazer com que as eleições de 24 de Agosto estejam condenadas a ser as mais renhidas de sempre e admite que os seus resultados possam ser os mais fortemente contestados, apostando numa expressão em língua inglesa "hotly contested" que aponta para a ideia de o período pós-eleitoral sem o mais "quente" desde o fim da guerra, em 2002.

E aponta ainda o MPLA tem colhido os créditos do fim da guerra e uma expansão económico que se seguiu, entre 2003 e 2015, mas com o efeito catastrófico do fim do boom petrolífero, que gerou uma severa crise económica, notando que, igualmente, Angola se tornou sinónimo de "nepotismo e corrupção", com JES e o seu círculo mais próximo como os grandes beneficiários desses crimes.

Bloomberg chama a atenção para o esforço demonstrado por João Lourenço, que em 2017 substituiu José Eduardo dos Sanos à frente do país e depois do MPLA, no combate à corrupção e na procura de recuperar parte do dinheiro que saiu ilegalmente de Angola, reformar o Estado e diversificar a economia, embora com escassos resultados até agora.

A televisão portuguesa SIC destaca que João Lourenço escolheu este sábado para encerrar a participação na campanha para as eleições gerais em Angola sem que o líder do MPLA tenha feito qualquer referência à oposição ou a José Eduardo dos Santos.

Esta emissora tem, como os media portugueses no seu todo, destacado com regularidade as eleições angolanas nos seus serviços noticiosos, tanto no canal generalista como no seu canal de notícias.

Lusa, a agência portuguesa de notícias, que é, a par da também portuguesa RTP, o órgão de comunicação social estrangeiro com mais empenhada cobertura desta campanha eleitoral, contribuindo, tem, hoje, 21, em destaque na sua página, o apelo do ex-presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, um dos observadores eleitorais convidados, para que não se repita em Angola a crise pós-eleitoral no Quénia e pediu aos partidos angolanos que não sigam esse exemplo e aceitem os resultados, após validação pela justiça.

agência portuguesa noticia ainda que o corpo de José Eduardo dos Santos chegou a Luanda pelas 19:16 de Sábado, vindo de Barcelona num voo da companhia aérea angolana TAAG, após uma disputa entre duas facções da família sobre a guarda do corpo.

Sublinha também, noutra peça, que o porta-voz do MPLA, Rui Falcão, está confiante na vitória do partido, que "não encomenda sondagens nem pesquisas", após o comício de encerramento da campanha, presidido por João Lourenço e onde disse terem participado cerca de 600 mil pessoas.

Mas nem tudo são contas fáceis e a agência com sede em Lisboa, lembra também que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) recusou hoje que os delegados tranquem as listas de votantes após o fecho das urnas e a oposição teme que sejam incluídos e contados boletins de quem não votou, ou seja, a UNITA teme fraude e o enchimento fraudulento de urnas

Para o Diário de Notícias, o assunto é, sem surpresa, a trasladação para Luanda do corpo do antigo presidente José Eduardo dos Santos,, lembrando igualmente a luta dos filhos na justiça espanhola pela tutela do cadáver de JES, recorda a ironia do MPLA pela voz do seu porta-voz, Rui Falcão, que lembrou que as filhas andaram "distraídas", e que uma dessas filhas, Tchizé dos Santos pediu que o funeral fosse "organizado com o devido tempo".

E informa que o ministro da Administração do Território, Marcy Lopes, explicou que o corpo do ex-presidente José Eduardo dos Santos ficará na sua residência oficial até ao dia das exéquias fúnebres.

O também português Publico diz que JES teve um regresso discreto com câmaras, tendo viajado com a viúva e aos três filhos do casal, até Luanda, a poucos dias das eleições.

O diário luso descreve assim o momento: O dia era de fim de campanha eleitoral, com comícios, discursos, eventos e iniciativas de apelo ao voto um pouco por todo o país. Mas um comunicado inesperado do Governo de Angola, divulgado a meio da manhã deste sábado, obrigou muitos jornalistas a riscarem à pressa o que tinham na agenda e a correrem rapidamente na direcção do Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, em Luanda: vinha aí o corpo de José Eduardo do Santos".

Já o Sol ilumina ainda a ideia de estas são as mais renhidas eleições em Angola de sempre e que o país poderá estar prestes a viver um momento histórico com o MPLA, no poder desde 1975, a correr um sério risco de perder contra os rivais, UNITA.

O jornal português adverte que a menos de uma semana das eleições em Angola, as urnas abrem na quarta-feira, dia 24 de Agosto, o país depara-se com acto eleitoral que pode fazer história neste país, uma vez que, existe uma hipótese real do MPLA, partido que está no poder desde 1975, sentir o sabor da derrota contra a oposição, UNITA.

Acrescenta que nas grandes cidades angolanas e entre a geração mais jovem é pronunciada a insatisfação com a administração de João Lourenço, no cargo de Presidente desde 2017, e existe um acentuado desejo de mudança política.

Mas que, mesmo assim, aponta ainda o Sol, o objectivo do líder do MPLA, João Lourenço, é mostrar o contrário do que parece estar-se a viver no país, mostrando que ainda tem o povo a seu lado de forma a manter-se no poder.

A RTP, que se tem desdobrado numa intensa cobertura desta campanha em Angola, sendo o canal estrangeiro com mais horas emitidas sobre as 5ªs eleições gerais em Angola, recordou nestas últimas horas que o corpo de José Eduardo dos Santos já está em Luanda.

E a televisão portuguesa nota que a urna com os restos mortais do ex-presidente angolano aterrou este sábado no aeroporto da capital, onde foi recebida por membros da comissão de exéquias.

Mas o canal não deixa passar em claro que, no que diz respeito à tutela do corpo de José Eduardo dos Santos, Tchizé dos Santos e os seus irmãos já perderam a batalha judicial porque o recurso interposto na quinta-feira foi negado e o corpo acabou por ser entregue à viúva, Ana Paula dos Santos, embora a filha do ex-PR esteja a preparar um recurso para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

Só que, ainda não acabou, diz a RTP, que recupera detalhes do processo penal que ainda decorre e no qual estão indiciados a viúva e o médico João Afonso, que nos últimos anos deu assistência clínica ao ex-presidente angolano.

Os dois, diz a TV portuguesa, são acusados de facilitarem a morte antecipada de José Eduardo dos Santos por falta de assistência, algo que poderá ser difícil de comprovar pela Justiça.

Já a CNN Portugal, que segue um guião semelhante aos restantes media sobre o tema JES, informa que a sua residência oficial vai permanecer aberta a partir da tarde deste Domingo para quem lhe quiser prestar homenagem.

E a televisão, cujo enviado a Angola também trabalha para a TVI, lembra que se espera-se que o funeral ocorra no dia 28 de agosto, segundo o MPLA.

De referir é ainda, por fim, o facto de que quase todos os media com secções dedicadas ao internacional têm pelo menos um breve sobre as eleições em Angola nos seus espaços online.

Fonte nov ojornal

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