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 Dissonância Perigosa

Em entrevista à CNN - Portugal, ontem, o líder da Unita afirmou que Angola vive o seu pior momento democrático, no entanto, gabou-se ser o líder mais democrático que o país merece. Em menos de dois anos na liderança do seu partido, o homem que se julga democrata tem por cima da sua mesa mais de duas dezenas de processos de expulsão e suspensão de militantes que têm apresentado desacordo com a sua visão, sobretudo, a teia de interesses pessoais que estendeu no seio dos maninhos. Não sei que manuais o líder da oposição andou a ler durante os seus longos 13 anos de “Bacharel”, uma formação com duração letiva de apenas três anos, onde aprendeu que escorraçar os membros do seu partido por manifestarem opiniões contrárias às suas lhe tornam num pomposo democrata. 




Em pouco tempo do seu consulado na Unita, ACJ já tem mais processos de expulsão de militantes do seu próprio partido que qualquer outro líder partidário em Angola (em vigência ou não) após à guerra. 


Na série documental da Netflix “como se tornar um tirano”, baseada na obra “The Dictator’s Handbook: Why Bad Behavior is Almost Always Good Politics, trad: O Manual do Ditador: Por que o mau comportamento é quase sempre uma boa política” escritos pelos cientistas políticos Bruce Bueno de Mesquita e Alastair Smith, narrada pelo actor Peter Dinklage, espelha como Adolf Hittler, um dos ditadores mais brutais do séc: XX projetou o seu falso carisma e oratória para canalizar a frustração, raiva e descontentamento de grande parte da população alemã ante a situação em que o país se encontrava. Os tiranos sempre deixam alguns traços antes de chegar no poder, criam uma versão utópica do próprio país. Como diz o ditado: “é dos mínimos que vêm os máximos”. 


Portanto, se no seu partido já não tolera a diferença de opiniões, não se espera que faça diferente em outro lugar. Essa dissonância entre as palavras e as práticas do líder da oposição são perigosas, são esses sinais que devem preocupar todo angolano interessado na consolidação da democracia e no nosso processo de reconciliação nacional do país.


Benjamim Dunda 


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